Qual é a relação entre roncos e doença cardiovascular?

Que dormir bem é importante todos sabemos. Percebemos claramente a importância do sono adequado quando temos uma noite de sono inadequada e no dia seguinte temos o dia com compromisso, seja trabalho, faculdade. Mas o que nem todos sabem é que dormir mal pode estar relacionado a doenças cardiovasculares. Pacientes com quadro de apnéia obstrutiva do sono podem apresentar hipertensão arterial de difícil controle e com comprometimento de órgãos alvo, além de insuficiência cardíaca, arritmias como fibrilação atrial e doença arterial coronariana.

Mas o que seria a apnéia obstrutiva do sono?

É uma condição em que há episódios durante o sono com obstrução parcial ou total da via aérea. Isso gera sono dividido e queda na concentração de oxigênio no sangue.

Quais seriam os sintomas?

  • Roncos;
  • Sonolência diurna;
  • Fadiga/cansaço;
  • Engasgos durante a noite;
  • Cefaléia( dor de cabeça) pela manhã;
  • Alterações de humor, como estresse e ansiedade;
  • Diminuição da libido;
  • Impotência sexual;
  • Noctúria( necessidade de ir ao banheiro de madrugada para urinar).

Existem fatores de risco associados?

Sim, existem alguns fatores de risco associados a síndrome da apnéia obstrutiva do sono. Os principais seriam obesidade, sexo masculino, uso importante de bebida alcoólica e anormalidades anatômicas das vias aéreas superiores.

Sonolência diurna pode ser sinal de apnéia obstrutiva do sono

Hipertensão arterial e apnéia obstrutiva do sono

A apnéia obstrutiva do sono é a maior causa secundária de hipertensão arterial, ou seja, que não está relacionada com fatores genéticos e estilo de vida. Além disso, costuma acontecer em pacientes com quadro de difícil controle e possuem pior prognóstico, pois é mais comum o paciente apresentar lesão de órgão alvo. Tais lesões seriam nos olhos, rins, nas artérias e no coração.

Geralmente, o tratamento da apnéia obstrutiva do sono, nesse caso, ajuda no controle e costuma possibilitar a redução no número de antihipertensivos orais. Dificilmente o paciente conseguirá ficar sem nenhum medicamento.

Doença arterial coronaria e apnéia obstrutiva do sono

Evidências indicam uma aumento na presença de aterosclerose, além de um pior prognóstico, inclusive com risco aumentado de infarto agudo do miocárdio.

Arritmias e apnéia obstrutiva do sono

Há forte relação entre fibrilação atrial, o tipo de arritmia sustentada mais frequente, com apnéia do sono. Inclusive o seu tratamento reduz a recorrência dessa arritmia.

Insuficiência cardíaca e apnéia obstrutiva do sono

A apnéia obstrutiva do sono aumenta as chances de um indivíduo ter insuficiência cardíaca. Mas nesse caso, não há estudos que mostrem que seu tratamento melhore a expectativa de vida.

Como descobrir se tenho a síndrome da apnéia obstrutiva do sono?

A suspeita se dá em quem possuí um ou mais dos sintomas listados anteriormente, principalmente roncos e sonolência diurna. O diagnóstico é confirmado através da polissonografia. A mesma costuma ser realizada em uma clínica especializada, mas tem surgido a possibilidade de se realizar o exame em domicílio.

Como é feito o tratamento?

O básico consiste em emagrecer, evitar dormir de barriga para cima, não usar bebida alcoólica e evitar sedativos.

Em alguns casos de deformidade faciais importantes, grandes desvios de septo ou importantes hipertrofias de adenóides ou amígdalas, está indicado o tratamento com cirurgia.

O padrão ouro é o uso do CPAP. O mesmo fornece um fluxo de ar por meio de máscara, que evita a obstrução da via aérea.

Para finalizar, devemos sempre lembrar de que o sono ruim pode estar associado a piora do desempenho no cotidiano, mas também a quadros graves cardiovasculares. Sua investigação se faz necessário e o tratamento depende do perfil do paciente.

Referências:

SANTOS, Eduardo Cavalcanti Lapa. Cardiologia Cardiopapers. 1ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2018.

Sociedade Brasileira de Cardiologia. Livro- texto da Sociedade Brasileira de Cardiologia. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2021.